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Única mulher da motovelocidade nacional leva batom à pista e deixa marmanjos para trás


10/06/2011 - UOL Esporte - Velocidade
Única mulher da motovelocidade nacional leva batom à pista e deixa marmanjos para trás

10/06/2011 - 13h01

Única mulher da motovelocidade nacional leva batom à pista e deixa marmanjos para trás

Bruno Freitas
Em São Paulo
O universo dos pneus, parafusos e graxa do automobilismo ainda inibe a imaginação fácil de mulheres frequentando este ambiente "bruto" dos homens. Mas elas aos poucos fincam bandeira também neste espaço, como a F-Indy tem visto com Danica Patrick e Bia Figueiredo. Aqui no Brasil, Cristiane Trentim tem encarado neste ano a missão de ser a única brasileira na motovelocidade do país, em iniciativa de pioneirismo, andando precocemente já à frente de alguns marmanjos de sua categoria. E tudo isso sem dispensar a vaidade feminina de um batom nos lábios antes das provas.

Brasileira da motovelocidade

Foto 7 de 7 - Piloto de Araraquara cumprimenta o público depois de prova da Pro AM Light Divulgação
Cristiane disputa a Pro AM Light, espécie de categoria para iniciantes dentro da Superbike Series brasileira. A piloto de Araraquara anda com uma moto de 750 cilindradas, abaixo do limite de disputa de mil cc. Mas a limitação técnica não tem impedido a paulista de chamar a atenção em alta velocidade.
Atualmente, Cristiane  já aparece à frente da maioria dos colegas de categoria. Ela ocupa a oitava colocação da temporada, disputada por mais 19 pilotos homens. A Pro AM Light já teve três etapas disputadas neste ano e a representante de Araraquara conseguiu seus melhores desempenhos nas duas provas disputadas sob chuva.
A esportista de 32 anos afirma que não tem se sentido uma intrusa dentro de um "clube do Bolinha". Pelo contrário, Cristiane diz que tem sido tratada com respeito pelos colegas de categoria, tanto nos boxes como nas disputadas roda com roda nas curvas, sem provocações pela sua condição de única mulher do pedaço. “Virei uma espécie de mascote”, conta. Mesmo com esse ambiente amigável junto aos colegas de pista, a piloto afirma que a vaidade inata de mulher ainda encontra desafios nas particularidades de sua atividade.
“É um esporte totalmente masculino, até nos itens de proteção eles pensam mais nos homens. A gente não acha capacete de tamanho apropriado para mulher, menores, não acha macacão mais feminino. Mas mesmo assim a vaidade continua sendo a mesma. Não deixo de passar o perfuminho antes de ir para a pista, passo batom, protetor solar, tem que se cuidar”, diz.
“A gente tem que ter um cuidado especial com os cabelos, fazer uma trança, deixar eles presos. Se não, depois para lavar é uma dor de cabeça. Mas terminou a prova é aquela coisa típica da mulher. Eu solto o cabelo e já coloco os brincos”, emenda a piloto.

VEJA MAIS DA MUSA DAS PISTAS

A piloto conta que sua opção pela motovelocidade foi encarada com restrições dentro da família, em razão do trauma de um grave acidente com um parente no passado. “Meus pais procuram não saber de nada, só depois das corridas. Antes, não querem nem saber a data delas. Jamais estarão na pista para me ver correr. Se eu tivesse idade, com certeza eles me proibiriam de correr”, afirma.
A vida sobre rodas nas pistas de competição já reservou a Cristiane um acidente, uma espécie de batismo na motovelocidade, sem consequências mais sérias. A piloto caiu em uma exibição em Interlagos e celebra ter saído apenas com escoriações menores.
“Senti o gosto do chão, mas não quebrei nada, foram só uma luxação e uns roxos”, diz Cristiane, que antes das competições já se envolvia com o universo das motos há mais de uma década, pilotando modelos de rua.
A condição de pioneirismo feminino na motovelocidade nacional tem ainda para Cristiane uma alta carga de sacrifício, já que a piloto ainda não conseguiu patrocínios suficientes para bancar totalmente os custos de uma etapa, que giram entre R$ 10 e R$ 15 mil. Geralmente a piloto consegue arcar com apenas parte desta quantia, com ajuda de amigos aficionados pelo esporte a motor.
Mesmo assim, a exposição crescente faz Cristiane apostar numa projeção de carreira de êxito. Recentemente a brasileira fã de Alexandre Barros foi convidada para disputar uma etapa de uma categoria exclusiva de mulheres na Inglaterra. A oportunidade deve se tornar realidade no segundo semestre deste ano. Na bagagem, certamente estarão macacão, capacete e luvas, mas também os assessórios femininos que não faltam na bolsa de qualquer mulher.